Você já parou pra pensar como mudamos nossa percepção sobre coisas e pessoas com o passar do tempo
Com certa frequência encontro pessoas do passado que eu achava que eram mais altas ou mais bonitas e um belo dia tenho a percepção que são menores ou não tão belas (ou vice-versa); também revisito lugares que eu julgava serem espetaculares e depois de um tempo, tenho uma percepção diferente.
Na verdade, às vezes, não são as coisas que mudam, somos nós que mudamos nossa visão de mundo e com isso as coisas e pessoas são resinificadas e criamos uma nova percepção.
Quando eu era adolescente, me impressionava com casas imponentes e ficava imaginando como era viver ali, sonhava um dia poder ter uma casa imensa como aquelas. Hoje, construções pouco me impressionam e fico muito mais encantada com uma pequena flor que nasce entre as pedras, com as tonalidades do céu ou um casal de idosos que passeia de mãos dadas.
A cada dia, me importo cada vez menos com COISAS. Não virei ermitão, mas ando naquela fase de questionar "isso é útil?", "devo guardar isso?", "devo adquirir isso?" e quanto mais faço esse exercício, mais se torna um hábito e vou me desapegando das coisas. O engraçado é que quanto mais você elimina coisas e percebe que elas não te fazem falta, mais você percebe o quanto aquilo era inútil na sua vida: isso serve para objetos, sentimentos e pessoas também.
Às vezes guardamos pequenos objetos (uma caixa, um embrulho, um copo diferente, uma lembrancinha) pensando que "um dia posso precisar", mas esse dia nunca chega e quando você se dá conta, já faz 5 ou 10 anos que guarda aquilo para "um dia chamado NUNCA".
Conheci a cidade de Tiradentes quando era pré-adolescente (excursão de escola). Naquela época as igrejas me pareceram imensas, a cidade era um cenário de filme, aos meus olhos as ruas eram largas com pedras enormes. Achei tudo muito lúdico, imponente...
Corta para 2018 (uns vinte anos depois). Hoje tenho outras percepções sobre tudo, já viajei um pouco, conheci muitos lugares no Brasil e visitei mais 2 países (essa lista ainda vai aumentar, se Deus quiser).
Com a cidade de Tiradentes tive exatamente a sensação que estou querendo explicar pra você: não lembro exatamente dos lugares que visitei no passado, mas me lembro da sensação que tive ao estar lá e da magnitude que dediquei aos lugares. Hoje, continuo achando bonito, mas não com a grandeza que enxerguei no passado. As igrejas são pequenas e singelas; as ruas são lindas, mas bem estreitas e por aí vai...
Entende onde quero chegar? Não estou dizendo que lá não seja lindo e encantador, mas é engraçado como as coisas mudam as proporções conforme a fase da nossa vida. Tenho observado isso também com relação à pessoas que revejo depois de um tempo.
Minha mãe costuma dizer que às vezes, "enxergamos" uma pessoa e achamos que ela é alta porque criamos uma relação entre o conceito que fazemos dela e transportamos isso para características físicas, ou seja, mente cria uma relação entre a personalidade da pessoa e seu aspecto físico. Acho que faz muito sentido!
Nas palavrar de Fernando Pessoa: eu sou do tamanho daquilo que vejo e não do tamanho da minha altura.
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