Elis Regina: sempre atual...
Alô, alô, marciano Aqui quem fala é da Terra, Pra variar estamos em guerra Você não imagina a loucura O ser humano tá na maior fissura...
Para quem não ia escrever nada sobre pandemia, olha eu aqui de novo registrando meus pensamentos.
Quando entramos nessa (em Março de 2020) eram muitas perguntas e nenhuma resposta. E o ano acabou. Lá se foram natal, reveillon, carnaval e tudo continuou igual (ou pior).
Sempre tivemos a sensação de que o reveillon virava uma chave invisível, onde tudo ganha um verniz novo. Podemos resetar os projetos, as promessas, mudar hábitos, começar uma dieta, finalmente frequentar a academia, tocar os projetos empoeirados...
Este começo de ano foi diferente, não teve festa, não teve empolgação, foi tudo um misto de tristeza, esperança, indignação e incertezas...
As máscaras que no início pareciam um acessório temporário continuam presentes e mais normais a cada dia. "Comprar muita máscara pra que? Se daqui a pouco vai se tornar inútil".
E o tempo passou, pessoas morreram cada vez mais; e a doença continua aí, se reinventando e mostrando que ainda não aprendemos a tal lição direito.
Fato é que, a essa altura, fica difícil tomar uma posição definitiva e julgar as pessoas. Como diria Glória Pires na transmissão do Oscar, cheguei numa fase que não sou capaz de opinar!
Cada pessoa vive uma realidade e não podemos comparar situações tão adversas.
Como eu posso julgar um pai de família que sai de casa para ganhar seu sustento, num país onde a informalidade representa boa parte da mão trabalhadora?
Por outro lado, quem sou eu para apoiar o pleno funcionamento do país frente a alguém que perdeu um pai ou um filho pra Covid?
A verdade é que cada um sabe onde o próprio calo aperta. Somos parte do país das desigualdades. Não temos condições, planejamento nem estrutura emocional para transitar nos extremos.
Pleno século XXI e ao invés de termos carros voadores (como no desenho animado dos Jetsons), as pessoas estão aprendendo a lavar as mãos.
É tudo tão complexo e, ao mesmo tempo, tão simples!
Na real, acredito que a pandemia serviu para acentuar ainda mais as discrepâncias na sociedade, a incoerência das pessoas e a essência das coisas.
Quem era bom, acredito que tenha ficado melhor: ajudando ao próximo, atento ao que acontece ao seu redor, mais sensível, com mais fé e resiliência. E nessa história de acentuar os predicados, também vimos máscaras caírem e muitos falsos cordeiros mostrando sua verdadeira face de lobo.
Do macro ao micro, tudo foi afetado de alguma forma. Impossível passar por essa experiência ileso; todos fomos, estamos ou seremos impactados de algum jeito!
A pergunta principal (e que talvez você ainda não tenha parado pra pensar) é: quem você está se tornando com tudo isso?